A reabertura gradual não respeita as mulheres!

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Por Lucillayne Silva – Assistente de Projetos da CAMTRA

Os planos dos governos e do setor empresarial de um retorno das atividades nessa fase da pandemia no Brasil, além de colocar a vida das trabalhadoras em risco,  não levam em conta as rotinas das mulheres.

A maioria dos lares brasileiros são chefiados, hoje, por mulheres. A presença feminina também é mais comum do que a masculina em microempresas e no trabalho informal. Com a pandemia da COVID-19, a realidade das mulheres foi atropelada por novos problemas e o agravamento de outros. Muitas delas tiveram suas rendas arrancadas, sofrem com as consequências do atraso do pagamento do auxílio emergencial, estão sobrecarregadas pelo trabalho doméstico e com o cuidado das/os filhas/os, idosas/os e enfermas/os.

Trabalhadoras em Casa e na Rua

Segundo o IBGE, as mulheres dedicam 18,5 horas por semana para afazeres domésticos e cuidados da família. A chegada do novo coronavírus aumentou o volume de trabalho e de funções dentro dos lares em confinamento. O que gerou a sobrecarga mental e emocional das trabalhadoras, principalmente para aquelas que são mães.

A reabertura sem a retomada das escolas e creches não resolve os problemas da comunidade, e, na prática, dificulta ainda mais a vida das trabalhadoras. Essas mulheres acabam se percebendo sem alternativas. Em muitos casos, são obrigadas a parar de trabalhar, já que não possuem outras pessoas na família para ficar com as crianças enquanto elas vão para o trabalho. Além disso, também não podem pagar pelo serviço de uma babá. Sendo assim, sobram poucas oportunidades de trabalho, pois nem todas conseguirão negociar uma possível flexibilização dos horários e turnos na empresa.

As trabalhadoras informais são atingidas de forma ainda mais preocupante. A creche e a escola, direitos que deveriam ser garantidos pelo Estado, esses são alguns dos poucos serviços que elas podem contar, além de serem fundamentais para a organização de suas vidas. A violação desse direito e o descaso com tantos outros, impacta especialmente as mães solteiras que não podem deixar suas/seus filhas/os pequenas/os em casa sozinhas/os. Sem poder trabalhar, não conseguem se alimentar ou pagar o aluguel, por exemplo.

Por tudo isso, consideramos que  reabertura gradual não pode ser considerada como uma alternativa, porque abala negativamente a vida das mulheres. Essa decisão aumentará as desigualdades sociais entre as mulheres  e  as desigualdades de gênero entre mulheres e homens no contexto da pandemia. 

Tampouco é o momento de reabertura de setores comerciais, nem de creches e escolas durante o  ponto mais alto da pandemia no Brasil. 

Pela vida das/os trabalhadoras/es e pelo enfrentamento às desigualdades reafirmamos a defesa do isolamento social, da renda básica e de outras medidas emergenciais de assistência às/aos trabalhadoras/es.

Referências:

https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/03/24/Quais-os-impactos-da-pandemia-sobre-as-mulheres

https://brasil.elpais.com/brasil/2020-06-04/retomada-economica-ignora-maes-que-precisam-ir-ao-trabalho-e-nao-terao-escolas-para-deixar-os-filhos.html

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