#JulhodasPretas: Laudelina de Campos Melo

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Laudelina de Campos Melo: revelando o racismo, pela valorização das trabalhadoras.

Trabalhadora, Sindicalista, Ativista Negra, Feminista, Pioneira na luta dos Direitos e Organização das Domésticas. Nascida de mãe empregada doméstica e doceira, em 1904, precisou ainda aos 7 anos a trabalhar na mesma profissão que sua mãe. Perdendo o pai lenhador aos 12 anos, teve que abandonar os estudos, tomando a responsabilidade de cuidadora das/os irmãs/os.

Iniciou sua militância na Frente Negra, aos 20 anos, ao mudar-se para Santos, logo em 1936 foi fundadora da Associação de Empregadas Domésticas de Santos. Durante a ditadura, impedida de continuar as atividades da categoria, alistou-se e recebeu treinamento militar destinado a população civil. Com a redemocratização Laudelina reabriu a associação no cargo de Presidenta. Conscientizando sua categoria, continuava trabalhando e galgando cargos em sua carreira, passou de governanta a gerente de hotel-fazenda.

Enfrentou o racismo de forma organizada com o movimento negro em Campinas, já que mesmo com toda qualificação não conseguia arrumar emprego, por preferirem as brancas. Realizou, com muita luta, o baile de debutantes Pérola Negra, somente com jovens negras, em 1957, no Teatro Municipal de Campinas, unindo lazer e conscientização.

Em 1961, já reconhecida como defensora das domésticas, das mulheres e meninas negras – muitas abusadas sexualmente pelos patrões – reuniu 1.200 trabalhadoras na inauguração da Associação Profissional Beneficente das Empregadas Domésticas. o que promoveu a criação de associações no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Foi presa em 1964, com o golpe militar, para prestar depoimento, liberada juntou-se a União Democrática Nacional, para continuar e ampliar a atuação dos serviços da associação. Frente a disputa pela presidência, adoeceu e afastou-se do movimento da categoria. Retomando a presidência somente em 1982. Transformou a associação em Sindicato com a nova constituição em 1988.

Dona Nina como era conhecida, lutou pelos direitos das domésticas e das mulheres negras até o fim de sua vida em 1991. Hoje no #JulhodasPretas rememoramos esta heroína que assim como muitas de nós, mulheres negras e trabalhadoras, acumulam as tarefas do lar como cuidadoras e o trabalho remunerado desde a infância.

A efetivação e fiscalização da Pec das domésticas aprovada em 2015, que dispõe sobre o contrato do trabalho doméstico; a luta da mãe de Miguel, doméstica e negra, que perdeu seu filho por ter que trabalhar em meio a pandemia são lutas de Laudelina. Sua luta também é nossa Laudelina, para Camtra “Todas as Mulheres são Trabalhadoras, em casa ou na rua”

 

Fonte:Dicionário mulheres do Brasil. De 1500 até a atualidade. Biográfico e ilustrado

Schuma Schumaher, Érico Vital Brazil. Zahar. Ano 2.000.

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