Quando um jovem ou uma jovem sofre um assassinato na favela, não é só ele que morre. A família toda vai com ele, especialmente as mães.
Mais uma noite de terror assolou a favela da Maré esta semana. A polícia sobe no caveirão derrubando barreiras, invadindo as casas e atirando a esmo. Nada diferente daquilo que vimos se intensificar ainda mais desde o início da intervenção militar na cidade do Rio de Janeiro. Mas, nesta madrugada, as balas não precisaram acertar ninguém para assassinar uma pessoa.
Janaína Soares, mãe de Christian Soares, assassinado em Manguinhos no ano de 2015 quando tinha apenas 13 anos, morreu, vítima de infarto. A depressão que lhe circundou desde a morte de seu filho, tornou inviável que outras pessoas conseguissem lhe prestar o socorro necessário.
Relatos dão conta de que cada novo assassinato na favela fazia com que Janaína, como outras tantas mães, revivesse a dor de perder seus filhos e esse tipo de violência é indizível e cruel para toda a comunidade, especialmente para as mães que sofrem a dor ou o medo da perda de suas/seus filhas/os.
Além de Janaína, mais três adolescentes foram vítimas do Estado nesta semana em favelas do Rio de Janeiro. A intervenção não para: a operação no Complexo da Maré deixou mais quatro mortos, dentre eles um professor. Enquanto professores são assassinados, a Maré segue sem aulas nas escolas, sem saúde, sem cultura, sem lazer e sem saneamento.
A CAMTRA se solidariza com as famílias, especialmente com as mães que perderam seus filhos para a violência policial do Rio de Janeiro.