Vamos refletir: Por que mais armas significam mais mortes de mulheres?
As trabalhadoras ambulantes, mais conhecidas como camelôs, enfrentam sol, chuva, covid-19, sem quaisquer direitos trabalhistas, lutam para conseguir seu ponto, armar sua barraca ou sua lona para matar a fome das(os) filhas(os) que, muitas vezes, trabalham juntas(os) com elas desde pequenas(os).
Além disso, elas fogem do rapa! Da violência da guarda municipal, que poderá ter todos seus integrantes armados.
Na sessão virtual concluída em 26 de fevereiro de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucionais dispositivos do Estatuto de Desarmamento (Lei 10.826/2003) que proibiam ou restringiam o uso de armas de fogo de acordo com o número de habitantes das cidades.
Esta decisão ameaça a vida das mulheres trabalhadoras ambulantes que são, em sua maioria, negras.
Durante a pandemia, foram as mulheres negras e camelôs as mais afetadas por falta de trabalho 25,8%. Somando as que perderam seu trabalho de carteira assinada são mais 28,7% mulheres trabalhadoras sem emprego.
Outra taxa nada favorável às mulheres negras é a de mortalidade por homicídio. De 2008 a 2018, a taxa subiu de 2,8% para 5,2% entre 100 mil habitantes. Enquanto isso, entre as não negras, a taxa desceu de 4,6 para 3,2.
Hoje, 75% dos casos de homicídios são por arma de fogo. Neste sentido armar a guarda municipal não é garantir segurança, mas colocar em risco a vida das mulheres trabalhadoras.
Juntamos vozes mais, uma vez ao Movimento Unificado dos Camelôs (MUCA), para dizer que as mulheres trabalhadoras precisam de vacina, de auxílio emergencial e de melhores condições de vida e trabalho. SEGURANÇA PÚBLICA NÃO SE CONSTROI COM ARMAS!