O Atlas da Violência 2020 aponta para uma realidade que se consolida cada vez mais na vida das mulheres: o feminicídio por armas de fogo.
Em 2018 mais de 4 mil mulheres foram assassinadas no Brasil, o que corresponde a uma taxa de 4,3 homicídios para cada 100 mil habitantes. Dessas, 51,6% foram mortas por armas de fogo, na maioria dos casos dentro de suas próprias casas.
Com a pandemia, os impactos da violência são ainda mais profundos. No ano passado, 8 milhões de mulheres saíram do mercado de trabalho. Destas, 11,5 milhões são mães solo.
Fora do mercado de trabalho, recebendo atualmente um auxilio de R$375 (para famílias chefiadas por mulheres) e com o acúmulo de tarefas devido ao fechamento de escolas e creches, as mães solo sofrem os maiores impactos da pandemia. E essa situação se agrava ainda mais quando estas são periféricas e negras.
Por que mais armas estão em circulação?
No dia 12 de fevereiro, foram editados quatro decretos que flexibilizam o porte de armas. Entrando em vigor no dia 12 de abril de 2021, antes mesmo de serem julgados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ampliam de 4 para 6 o número de armas que um cidadão pode ter, permite o porte simultâneo de duas armas e aumentam o acesso a quantidade de munição para colecionadores e atiradores.
Apesar de todos os dados apontarem para o agravamento da vulnerabilidade das mulheres, as políticas públicas seguem na contramão do cuidado com a parcela da população mais vulnerável.
Estar em casa não é seguro, estar nas ruas também não. Até quando as mulheres seguirão em risco por serem quem são?
Fonte: El Pais| Observatório de Favelas
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