Lélia Gonzalez – Março de Lutas pelas Mulheres

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“As questões que a gente coloca enquanto mulher negra, a dimensão racial que está presente em tudo, você não pode fingir que ela não existe!”

Filha de uma mulher indígena, empregada doméstica, e um homem negro, operário, Lélia Gonzalez tinha já em suas raízes um lugar de luta que ocuparia ao longo do tempo. A décima sétima filha, entre 18 irmãs e irmãos, nasceu em Belo Horizonte/MG, mas foi em terras cariocas que construiu a vida e grande parte do seu legado.

Como a mãe, foi empregada doméstica e babá, mas lutando para estudar conseguiu exercer a sua vocação de ensinar. Ainda nas décadas de 50 e 60 estudou em instituições renomadas como o Colégio Pedro II e se formou em História e Filosofia pela Universidade Estadual da Guanabara, atual UERJ, o que era difícil para uma jovem negra. Compreendendo essa realidade fundou o Movimento Negro Unificado.

Como ela dizia, as mulheres negras são as heroínas desconhecidas da nossa história.

Lélia dedicou sua vida ao enfrentamento do racismo e sexismo, fundamentou na antropologia o conceito de interseccionalidade, unindo as discriminações de raça e gênero. e foi pioneira nos estudos e desenvolvimento do feminismo negro no Brasil. Foi professora do CAP/UERJ e de Cultura Brasileira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC), onde chefiou o Departamento de Sociologia e Política.

Falava o bom “pretuguês” e afirmava que a cultura brasileira é uma cultura negra por excelência. Reivindicava a sua humanidade, o direito de ser: negra, mulher, intelectual, mãe, livre.

“Na medida em que nós negros estamos na lata de lixo da sociedade brasileira, pois assim o determina a lógica da dominação (…) Exatamente porque temos sido falados (…) que assumimos nossa própria fala. Ou seja, o lixo vai falar, e numa boa!”

FONTES: CULTNE/ JORNAL MNU/ ARTIGO: RACISMO E SEXISMO NA CULTURA BRASILEIRA/ GELEDES