A pandemia da Covid-19 ressaltou as desigualdades sociais presentes na nossa sociedade. Toda a população foi afetada pelo novo vírus porém, assim como em outros âmbitos, a situação também teve recortes de raça, gênero e classe. Isso ficou claro quando a primeira morte pela doença no país foi de uma mulher negra empregada doméstica que pegou a doença de sua patroa branca que acabava de retornar da Europa. A patroa sobreviveu. Em maio os dados mostravam que as pretas tinham 62% mais chances de morrer de COVI-19.
Além da questão da saúde a pandemia trouxe a dificuldade econômica pela falta de trabalho e a insegurança para as que não tiveram o privilégio da quarentena.
Depois de 8 meses de instabilidade a proposta da vacina alcançou o debate público e com ela seu acesso. Como em todas as crises as empresas tentam lucrar em cima do sofrimento do povo e dessa vez não seria diferente.
A vacina contra a COVID-19 deve ser um bem comum, público distribuído para todas no país pelo nosso Sistema Único de Saúde (SUS ) que foi essencial para o controle da pandemia e será essencial para a imunização da população.
Este debate ocorre ao mesmo tempo em que se ataca o SUS com tentativas de privatização e sucateamento. No país o SUS é essencial para a população, especialmente para as mulheres negras que representam 70% das suas usuárias. Além disso apenas 12,2 % das negras têm acesso a planos privados de saúde.
Destaca-se também que foi graças ao SUS e as sua profissionais que a pandemia não chegou a números mais alarmantes e que hoje os leitos estão desocupados devido ao trabalho destas, em sua maiorias mulheres negras.
A CAMTRA se une a ABONG e a outras OSCs na campanha #vacinaparatodasetodos para aprovação da PL1462/2020 que “melhora e simplifica o dispositivo legal da Licença Compulsória, a exemplo de outros países, permitindo que o Brasil tenha acesso rápido às respostas mais efetivas contra a pandemia, protegido de preços exorbitantes e descabidos das grandes corporações, em especial da indústria farmacêutica”.